Starbucks vai falir? Entenda situação e impactos nos FIIs

Entrevista para o portal Eu Quero Investir. Leia a íntegra

A SouthRock surpreendeu o mercado financeiro ao entrar com o pedido de recuperação judicial, tendo dívidas de R$ 1,8 bilhão. Para aqueles que não estão familiarizados com a holding, ela controla as operações da Starbucks no Brasil, além de administrar a franquia Subway e o Eataly, um mercado premium e restaurante situado no coração da Avenida Faria Lima, em São Paulo.

Esse pedido de recuperação judicial da SouthRock gerou muitas dúvidas entre os investidores. De fato, alguns estão questionando qual o tamanho do problema financeiro que a Starbucks vem apresentando no Brasil.

Em nota, a administração da empresa ressaltou que os desafios econômicos no Brasil, decorrentes da pandemia e marcados pelo aumento da inflação e das taxas de juros, afetaram profundamente todos os varejistas, incluindo a SouthRock.

Nesse cenário, a gestora está se preparando para encarar uma nova fase de desafios que exige uma revisão e reestruturação de seus negócios, com o objetivo de garantir a contínua proteção das marcas que representa no mercado brasileiro.

A SouthRock enfatizou que as mudanças planejadas incluem a avaliação do número de lojas em operação, o cronograma de aberturas, a otimização das relações com fornecedores e stakeholders, bem como uma revisão da atual estrutura de sua equipe de trabalho.

O portal EuQueroInvestir coletou as principais informações sobre a situação da SouthRock para manter nossos leitores atualizados sobre o que está acontecendo com a controladora da Starbucks no Brasil.

Starbucks e SouthRock
A Starbucks está presente no Brasil desde dezembro de 2006, por meio de uma parceria com investidores locais.

Inicialmente, a empresa era controlada pela Cafés Sereia do Brasil, com 51% do negócio, enquanto os americanos detinham os outros 49%.

Em 2010, o grupo dos EUA anunciou a aquisição do restante da operação brasileira, tornando-se proprietário de 100% da Starbucks Brasil Comércio de Café.

Oito anos depois, a rede americana fechou um acordo de licenciamento no Brasil com a SouthRock, que passou a ser a detentora da marca no país. A gestora adquiriu 113 pontos da cafeteria em 17 cidades no Brasil, embora o valor do negócio não tenha sido divulgado na época.

O acordo entre as partes foi intermediado por Kenneth Pope, um empresário norte-americano e ex-diretor da Laço Management, que anteriormente esteve envolvido com empresas como St. Marché e Eataly. Kenneth Pope fundou a SouthRock em 2015, após sua saída da Laço Management.

Após a aquisição da Starbucks pela SouthRock, a cafeteria iniciou o processo de expansão para fora do eixo Rio-São Paulo. Atualmente, a empresa está presente em nove estados, tendo recentemente alcançado o Nordeste. No Brasil, a Starbucks conta com 190 lojas.

De acordo com o Valor Econômico, uma fonte relatou que o processo de expansão da gestora ocorreu de maneira desorganizada, e nos últimos meses, franquias da rede de cafeteria enfrentaram dificuldades para pagar o aluguel de alguns pontos.

Outra fonte confidenciou ao jornal que a SouthRock estava em busca de investidores para obter mais recursos com o objetivo de quitar as dívidas com fornecedores.

Apesar da expansão para o Nordeste, o Pipeline apurou que a rede teria fechado 36 unidades da Starbucks nos últimos meses, incluindo locais em cidades como Franca, São Paulo, Rio de Janeiro e Canoas. A SouthRock confirmou o fechamento das lojas, mas não especificou quais seriam elas.

Segundo informações que circulam na imprensa nesta quarta-feira (1), a Starbucks Corp., de Seattle, nos EUA, que é listada na bolsa de Nova York (Nyse) sob o código SBUX, entregou à SouthRocks, em 13 de outubro, uma notificação de rescisão do acordo de licenciamento, o que significa que estava retirando da empresa o direito de uso da marca.

As dívidas da SouthRock
O pedido de recuperação judicial da SouthRock informa que o valor da dívida é de R$ 1,8 bilhão.

Segundo o Pipeline, a SouthRock chegou a contratar o UBS para negociar uma participação acionária na holding. O banco esteve em reuniões com fundos de private equity recentemente, mas eles não estavam dispostos a concluir uma transação às pressas em meio a um processo de reestruturação.

O site informa que a SouthRock buscava um montante de R$ 700 milhões para refinanciar suas dívidas, com parte destinada à amortização e à retomada do crescimento.

A holding contratou a consultoria Galeazzi & Associados para conduzir uma reestruturação em suas operações. Essa decisão veio após a holding adiar o pagamento das debêntures da Subway, que têm como garantia as ações detidas tanto pela SouthRock quanto pelo fundador e CEO, Kenneth Pope.

Prevendo dificuldades, a empresa já havia adiado o pagamento de juros e a amortização da primeira série das debêntures, no valor total de R$ 130 milhões, em duas ocasiões desde o início de outubro, com a data de pagamento mais recente fixada para 15 de novembro.

É importante ressaltar que esses títulos só vencerão em abril de 2029 e pagam juros de 6,75%, acrescidos da variação do CDI. No entanto, os desafios enfrentados pela holding não se limitam apenas a esse aspecto.

A Starbucks vai falir?
Especialistas em recuperação judicial são unânimes em afirmar que esta se difere da falência. Além disso, a recuperação judicial se refere à SouthRocks e não à marca Starbucks, cuja propriedade é da Starbucks Corp. americana.

“A recuperação judicial confere uma proteção temporária à empresa devedora contra ações dos credores, visando dar tempo para que devedor e credores possam negociar um novo modo de pagamento das dívidas, que será formalizado através de um plano coletivo de pagamentos, e que deve ser aprovado pela maioria dos credores reunidos em assembleia e homologado pelo juiz do processo”, complementa Frederico Loureiro, sócio do LCSC Advogados.

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